quinta-feira, 19 de agosto de 2010

VILA ECOLOGÓGICA KARAGUATA – MUITO MAIS QUE UM MODO DE PRODUÇÃO, UM IDEAL.

No dia 10 de agosto de 2010 a Turma 221 (Turma A- 2° Ano) realizou uma nova visita de estudos. Desta vez a propriedade visitada foi a de uma família nada convencional do interior de Santa Cruz do Sul.

A visita foi realizada na primeira terça-feira após a volta do recesso escolar, a propriedade visitada foi a de Aquiles, um médico que vive à 7 anos em Santa Cruz do Sul com seus dois filhos, Gabriel e Yang, além de sua esposa, a dentista paraguaia Glória. O objetivo principal da visita era conhecer os métodos adotados na propriedade em relação ao saneamento básico, foco de estudos nas últimas sessões na EFASC, porém o que encontramos foi muito mais que isso.
Logo ao chegarmos na propriedade que fica na Vila Ecológica Karaguata, distrito de Rio Pardinho, já tivemos uma surpresa pois a casa da família não é nada comum em nossa região, à começar pelo formato, uma casa de madeira em formato octogonal com uma área cercada com uma lona plástica e com o telhado de caixinhas de leite recicladas. Segundo colocou Aquiles mais tarde, este formato de construção serve para circular melhor as energias dentro da casa.

Já dentro da casa, de pés descalços, respeitando costumes orientais, muito cultivados pela família, começamos um bate-papo sobre a história da família, da propriedade, e conhecemos um pouco do cotidiano da família, que à sete anos largaram a vida corrida da cidade para se dedicar à mais sofrida, porém mais saudável, vida do campo.

A propriedade trabalha sob os princípios da Permacultura, ou seja, cada construção, cada ferramenta, cada instrumento têm mais de uma função dentro da propriedade, por exemplo, o fogão à lenha serve para aquecer a comida, serve como aquecedor para toda a casa e também como produtor de cinzas para a horta. Este modelo de propriedade é extremamente ligada à natureza, ligação esta que está cada vez mais esquecida em nosso mundo atual cada vez mais capitalista e prejudicial à natureza, nós que nos julgamos tão racionais estamos esquecendo que devemos (co)abitar com a natureza e não competir com ela. Se todas as propriedades rurais trabalhassem visando as regras da permacultura seriam muito mais sustentáveis e limpas.

Ao longo do dia conhecemos várias técnicas de tratamento do esgoto e dejetos empregadas na propriedade, os que mais chamaram a atenção foram um banheiro seco, que não gasta água e reaproveita as fezes humanas como composto orgânico utilizado na horta e nas lavouras. E o sistema de captação da água da chuva que escorre pelas calhas e é armazenado num depósito de bambu-cimento até que seja empregada na irrigação nas culturas agrícolas.



Para encerrar o dia construímos uma composteira para fazer a compostagem do lixo orgânico produzido na propriedade. Após o encerramento da composteira fizemos um fechamento do dia com uma roda de conversa de avaliação do dia.



E a avaliação foi a mais positiva possível, se o objetivo principal era conhecer como ocorria o saneamento básico na propriedade, atingimos com êxito, além disso, aprendemos muito sobre um novo modo de ver a vida e a propriedade, uma maneira muito mais saudável de viver. O espaço aqui foi pequeno para expormos todas as idéias trabalhadas na visita, pois trabalhamos além do saneamento básico, trabalhamos a questão da energia do universo e da natureza, a inter-relação entre natureza e o trabalho no meio rural. Com certeza, foi uma visita muito proveitosa pois conhecemos a realidade de uma família que enxergou no campo um excelente ambiente para um a vida saudável. Uma família que produz de maneira economicamente rentável, socialmente aceitável e ecologicamente correta.


David G. dos Santos Fagundes